03 mar 2018

Raul Randon foi sinônimo de empreendedorismo e deixou um legado para a história de Vacaria

Raul Anselmo Randon, 88 anos, morreu na noite deste sábado (3), por volta de 21h, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a uma parada cardíaca. Ele estava internado desde dezembro, devido a complicações resultantes de uma cirurgia no fêmur. Ele deixa a mulher, Nilva, os filhos David, Alexandre, Roseli, Maurien e Daniel, além de dez netos e um bisneto.

Randon, um dos ícones do desenvolvimento econômico de Caxias do Sul e do Brasil, nasceu no dia 6 de agosto de 1929, em Tangará, interior de Santa Catarina. Os pais, Elisabetha e Abramo Randon, descendentes de italianos, eram de Caxias do Sul, mas tinham ido ao estado vizinho em busca de oportunidades de trabalho. Quando tinha dez anos de idade, Raul voltou com a família para Caxias. Aos 14 ele começou a trabalhar na ferraria que pertencia ao pai dele, o que fez tomar o gosto pelo trabalho.

Após o serviço militar, em 1949, junto com o irmão Hercílio e um amigo, abriu uma pequena fábrica de máquinas tipográficas. Essa empresa, no entanto, foi destruída em um incêndio em 1951. Os irmãos Randon tiveram que recomeçar, e decidiram abrir uma oficina mecânica, aproveitando a engenhosidade de Hercílio para trabalhar na área. A empresa cresceu a partir do momento em que começou a fabricar freios a ar comprimido para caminhões, um segmento carente de produtos no País. Era o surgimento da Mecânica Randon Ltda, que cresceu no embalo da expansão da indústria automobilística brasileira nas décadas de 1950 e 60.

Na década de 1970, na carona do chamado “milagre brasileiro”, Raul fez a primeira viagem ao exterior. Durante 40 dias, visitou as feiras de Hannover e Milão. Na volta, surpreendeu a todos ao propor um plano de expansão da empresa. De forma inovadora, decidiu abrir o capital, algo pouco comum à época, para financiar uma expansão audaciosa. De mil unidades de implementos rodoviários por ano, a capacidade pularia para mil unidades mensais. Os primeiros 40 mil metros da nova fábrica foram inaugurados em 1974.

Em 1973 ainda foi firmado um contrato de transferência de tecnologia com a sueca Kockum AB, para fazer caminhões fora-de-estrada para construção pesada e mineração. Desde a década de 70, buscou parceiros para crescer, utilizando-se joint ventures e aquisições, que acabaram formando o conglomerado hoje denominado Empresas Randon, que engloba Randon Implementos, Randon Veículos, Suspensys, Master, Castertech, Jost, Fras-le, Consórcio Randon e Banco Randon.

Raul Randon também atingiu notoriedade com o trabalho no setor primário, onde a RASIP, sediada em Vacaria, se tornou uma referência nacional na produção de frutas, queijos, vinhos e outros produtos agrícolas. Além da atividade empresarial, Raul Randon se destacou na atividade comunitária. Foi presidente da CIC de Caxias do Sul entre 1975 e 78, e fundou o Instituto Elisabetha Randon, que coordena o Projeto Florescer, um programa de educação e profissionalização de crianças e jovens.

Recebeu dezenas de homenagens e comendas no Brasil e no mundo. Uma das mais marcantes foi o título de Doutor Honoris Causa em Engenharia pela Universidade de Pádua, na Itália. Somente outro brasileiro, o escritor Jorge Amado, recebeu semelhante honraria na mesma instituição. Em 2017 foi lançado O documentário “Viver e Acreditar”, que narrou a trajetória de Raul Anselmo Randon (abaixo você confere o trailler do filme).

As últimas homenagens vão acontecer na Sala C do Memorial São José, em Caxias do Sul, a partir das 16h deste domingo (04) até as 22h. Seguindo na segunda-feira (05) na Igreja São Pelegrino, onde será realizada uma missa de despedida. A cremação está marcada para iniciar ao meio-dia no Crematório São José, e será reservado à família.

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