CARTA DE CANELA
Após uma agenda de quatro meses de reuniões em todas as regiões do Rio Grande do Sul, centenas de lideranças da classe produtiva encontraram-se em Canela no 12º Congresso da Federasul para debater com políticos e autoridades públicas o diagnóstico dos problemas que trouxeram o Estado e o País a esta situação caótica em que se encontram.
Inicialmente há um claro reconhecimento de que a situação só chegou a este ponto por décadas de omissão de uma grande maioria de trabalhadores e empresários, que se afastaram dos espaços de decisão, deixando que um reduzido número de abnegados e idealistas tivessem suas iniciativas sabotadas por interesses corporativos menores, fazendo com que os partidos políticos e os governos, mesmo que bem intencionados, se tornassem reféns da prática fisiológica e da pressão organizada em benefício de algumas corporações.
Ratificamos neste encontro o compromisso da FEDERASUL com a livre iniciativa e o empreendedorismo.
Por mais que governos tentassem resolver a equação insustentável do Rio Grande do Sul, o ambiente para quem empreende e produz se tornou tão hostil pelo excesso de carga tributária, por lentidão burocrática de licenças e alvarás, falta de infraestrutura ou pela interpretação de resoluções trabalhistas que as empresas estão fechando ou deixando o estado, diminuindo assim a base da arrecadação.
O caminho apontado para solução de médio e longo prazo terá necessariamente que passar por trabalho bem feito, busca por excelência, incentivo à produção honesta e à moralidade nas relações, substituindo o ambiente hostil dos gaúchos por um ambiente receptivo para trabalhadores e empreendedores que agem de boa fé, num novo pacto de desenvolvimento.
Neste sentido, inicialmente com apoio da Federasul e da AGV, cresce o Movimento Empresarial Gaúcho reunindo lideranças de diferentes segmentos, unidas pela mesma base de valores, por ideais da classe produtiva disposta a se engajar neste grande desafio que se apresenta.
Há necessidade de um canal permanente com o Governo do Estado e os governos municipais que funcione como uma via de mão dupla, onde todos estejam dispostos a ouvir, transigir e decidir conjuntamente em prol do bem comum, a partir de premissas sustentáveis, ao invés de simplesmente apresentar soluções prontas numa via de mão única.
No contexto nacional vivemos uma singular conjuntura com novo presidente que assumiu após um processo traumático de impeachment, num País castigado pela grave crise econômica. Neste sentido a FEDERASUL elegeu alguns pontos importantes a título de contribuição para ajudar a destravar o nó que inibe o avanço da nossa economia:
– Diminuir a carga tributária que ultrapassa 35% do PIB e sufoca as atividades produtivas que precisam progredir num clima amistoso;
– Importante que se viabilizem as reformas política e previdenciária e se modernize a legislação trabalhista. Essas são medidas estruturais com efeito de médio e longo prazo, indispensáveis para um país moderno e uma economia plenamente desenvolvida, que gere emprego e renda para cada vez mais brasileiros.
– Neste cenário, é fundamental que as micro e pequenas empresas, responsáveis por mais de 90% dos CNPJs do País, sejam incrementadas pelo reajuste das tabelas do Simples Nacional. Desta forma, mais empreendedores poderão ter acesso ao mercado formal de trabalho, gerando mais empregos.
Ainda neste contexto, por melhores que sejam as intenções deste e dos próximos governos, se não houver um respaldo das pessoas de bem de todo País para esclarecer a opinião pública e enfrentar os ajustes e sacrifícios necessários, a situação tende a continuar se agravando, especialmente para todos os gaúchos.
Com coragem para mudar, e fé na determinação de nossos líderes, colocamos nossos esforços a serviço do Brasil e do Rio Grande.
Canela, 10 de setembro de 2016.
Atenciosamente,